terça-feira, 27 de setembro de 2022

Quadra chuvosa acima da média garante bom aporte em dez bacias hidrográficas do Ceará



As chuvas registradas no Ceará na quadra chuvosa deste ano, entre fevereiro e maio, ocasionou um bom aporte em quase todas bacias hidrográficas. A única que ficou com o desvio negativo foi a da Serra da Ibiapaba. O normal é 712,1 milímetros e o observado foi 640.8 milímetros. Um desvio negativo de -10%. (Veja tabela abaixo.)

O melhor desvio ocorreu na Bacia Região Metropolitana, onde houve um aporte positivo de 44,2%. O normal é 955,6 milímetros e o observado neste ano foi 1,377,8 milímetros.

Na Bacia Metropolitana estão localizados os açudes Pacoti, Itapebussu, Batente, Maranguapinho e Gavião. Todos atualmente com aporte entre 70% e 100% no momento.

Outra bacia que teve bons resultados foi a Jaguaribe, onde estão localizados os três principais açudes do estado: Castanhão, Orós e Banabuiú. O Baixo Jaguaribe teve um desvio positivo de 35,1%, Alto Jaguaribe com 12,2% e Médio Jaguaribe 6,5%.

Bacias Hidrográficas

Região HidrográficaNormalObservado%
Região Metropolitana955,6 milímetros1.377,8 milímetros44,2%
Baixo Jaguaribe703,8 milímetros950,4 milímetros35,1%
São Luís do Curu708,6 milímetros896,2 milímetros26,5%
Salgado869,8 milímetros1.028,5 milímetros18,3%
Sertões de Crateús635,0 milímetros715,4 milímetros12,7%
Alto Jaguaribe665,3 milímetros746,6 milímetros12,2%
Litoral891,7 milímetros951,4 milímetros6,7%
Médio Jaguaribe741,4 milímetros789,7 milímetros6,5%
Acaraú806,1 milímetros839,5 milímetros4,2%
Coreaú1.070,7 milímetros1.095,8 milímetros2,4%
Serra da Ibiapaba712,1 milímetros640,8 milímetros-10%


Situação dos principais açudes

Os maiores açudes do Ceará seguem quase totalmente secos. O Castanhão, maior reservatório do país, tem atualmente 22,59% da sua capacidade, conforme a Cogerh; e o Orós, segundo maior do estado, Orós: 47,46%. Já o Banabuiú se encontra com 9,68%.

O estado possui 24 açudes com capacidade acima de 90% e 63 abaixo dos 30%. Quatro se encontram sangrando, sete estão secos e 11 encontram-se com volume morto; ou seja; aqueles açudes que não dispõe de tomada de água é contabilizado como volume morto abaixo de 5% de sua capacidade.


Quadra chuvosa acima da média histórica

As chuvas registradas Ceará na quadra chuvosa deste ano ficaram acima da média histórica pela primeira vez desde 2009. Segundo dados da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), o estado contabilizou 734,6 milímetros de chuva no quadrimestre, 22,3% acima do normal para o período (695,8 mm).

Do início dos anos 2000 até hoje, somente as quadras chuvosas de 2009 (965,7 mm) e 2008 (768,2 mm) haviam atingido este patamar.

Volumes superiores a 695,8 mm são tratados como “acima da média”. Quando o acumulado no quadrimestre fica entre 505,6 mm e 695,8 mm, é considerado “em torno da média”. Já quando o observado é menor que 505,6 mm, considera-se “abaixo da média”.


Distribuição das chuvas

Além de ficar acima da média histórica, o ponto alto desta quadra chuvosa foi a distribuição espacial das chuvas. “Embora algumas áreas isoladas possam não ter sido tão beneficiadas pelas chuvas, de um modo geral, diferentemente do observado nos últimos anos, as precipitações foram melhor distribuídas no estado”, avalia Meiry Sakamoto, gerente de Meteorologia da Funceme.

Segundo ela, em fevereiro, março e parte de abril, as condições do oceano Atlântico favoreceram o posicionamento da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) sobre o Nordeste do Brasil, “levando chuvas, inclusive, para o interior do Ceará”, aponta. “Estes números, apesar de preliminares, confirmam os prognósticos climáticos divulgados em janeiro e fevereiro. É o melhor resultado desde 2009, quando as precipitações ficaram 60,8% acima da média do quadrimestre”.

No mês de maio, com o afastamento da ZCIT, foi possível observar uma diminuição das chuvas, que ocorreram, conforme Sakamoto, associadas a áreas de instabilidade formadas no oceano próximo à faixa litorânea, ou se deslocando em direção ao estado, a partir do setor leste da região Nordeste. “Essa tendência de redução ao longo da estação chuvosa havia sido indicada nos prognósticos da Funceme”, ressalta a meteorologista.


Macrorregiões

Entre fevereiro e maio, a macrorregião do Cariri foi a que teve maior variação positiva de chuvas. Com 864 mm, o índice ficou 39,9% acima do normal para a região. Na sequência está o Litoral de Fortaleza, com chuvas 31,8% acima da média, região que em termos absolutos acumulou o maior volume precipitado no período (1.050,2 mm).

Repetindo a tendência histórica, nesta quadra, março foi o mês mais chuvoso, com 275,7 mm (35,5% acima do normal), seguido de fevereiro (192,2 mm) e abril (181,2 mm). Maio apresentou o menor índice pluviométrico, com 86.5 mm (-4,6%). Ainda assim, foi o maio mais chuvoso desde 2013, quando o Ceará registrou 92.2 mm (1,8%).


Por g1 CE


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