A
pré-estação chuvosa no Ceará, período oficialmente compreendido entre os meses
de dezembro e janeiro, começou de forma antecipada neste ano, a exemplo do que
já ocorrera em 2021. A afirmação é do especialista Flaviano Fernandes,
meteorologista do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).
"Devido
à atuação da La Niña, poderão ocorrer algumas pancadas de chuvas no Ceará,
inclusive já agora em outubro. Essas precipitações são consideradas da
pré-estação", afirmou Fernandes. Desta forma, o período começa antes mesmo
do que foi verificado no ano passado, quando a quadra foi antecipada para o mês
de novembro.
A La
Niña é o fenômeno climático-oceânico onde há o esfriamento das águas
superficiais do Oceano Pacífico Equatorial. Este cenário favorece a ocorrência
de chuvas.
O
meteorologista pondera, contudo, que essa antecipação das chuvas não chega a
ser um fato raro. Para que as chuvas cheguem antes do período previsto é
necessária uma combinação de fatores climáticos tais como umidade do ar e calor
- nos quais estão atuando - e a influência da Zona de Convergência do Atlântico
Sul (ZCAS). Esse sistema frontal, no entanto, ainda não ganhou força, por essa
razão as chuvas ainda não estão volumosas.
Esta
antecipação embora seja positiva não pode ser correlacionada com a intensidade
dos volumes acumulados ao fim da quadra. O meteorologista do Inmet, Flaviano
Fernandes, explica que o fato de as chuvas começarem antecipadamente não
refletem, necessariamente, na intensidade dos volumes. Contudo, ressalta ele, a
previsão inicial é de pluviometria acima ou em torno da média.
Já a
Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme) ainda não
traçou qualquer tipo de prognóstico da pré-estação chuvosa. A assessoria do
órgão cearense informou que a instituição irá se posicionar "mais a
frente".
No ano
passado, a pré-estação teve início em meados de novembro. O mês fechou com
volume acumulado de 19,7 mm, ou seja, 241% acima da média histórica para o mês,
que é de 5,8 milímetros.
O
bimestre dezembro-janeiro também fechou acima da média. Conforme dados da
Funceme, o período oficial da quadra fechou com 211,4mm, o que representa 62%
acima da normal climatológica.
Nos
últimos dez anos, apenas quatro vezes (2021/2022, 2018/2019, 2017/2018 e
2014/2015) a quadra fechou acima da média. O período com o maior índice foi
entre dezembro de 2014 e janeiro de 2015, cuja quadra registrou 200,5
milímetros.
Flaviano
Fernandes explica que, embora as chuvas dos próximos três meses possam estar
dentro da média, não há relação direta com a próxima quadra, isso porque são
sistemas indutores diferentes.
Os
sistemas atuais, que contribuem para as chuvas da pré-estação, têm influência
da Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS). Já na quadra chuvosa predomina
a Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) e os Vórtices Ciclônicos de Altos
Níveis (VCAN).
"Pode
ocorrer de o Ceará ter uma boa pré-estação chuvosa e uma quadra abaixo da
média, assim como vice-versa", pontuou Fernandes. No entanto, a formação
do sistema La Niña, que contribui para as chuvas neste fim de ano, também é um
bom indicativo para a quadra chuvosa. "Só o fato de não termos El Niño já
é muito bom", ponderou.
A
previsão para a quadra deve ser divulgada no início do próximo ano. O
quadrimestre fevereiro-maio de 2022 fechou acima da média. Foi a terceira
melhor quadra chuvosa dos últimos dez anos.
Fonte:
Diário do Nordeste
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