quinta-feira, 1 de dezembro de 2022

Pesando 170 quilos, mulher não consegue fazer exame após queda por falta de equipamento que suporte o peso dela, em Fortaleza



Dificuldades para se locomover e para cuidar do próprio filho de três anos são apenas alguns dos problemas que Eliane de Sousa tem enfrentado desde que caiu e machucou o joelho quando estava em um supermercado de Fortaleza, em novembro deste ano. Pesando 170 quilogramas, a cearense enfrenta ainda o dilema de não conseguir sequer fazer um exame de ressonância magnética por falta de um equipamento na rede pública que atenda ao peso dela.

"Senti muita dor na hora da queda, fiquei no chão, aí começou a chegar gente para poder me levantar. O médico disse que possivelmente foi um rompimento no ligamento do joelho", diz.

Além da falta de um equipamento adaptado para viabilizar o exame, a dona de casa enfrenta ainda uma longa fila de espera. Ela aguarda a possibilidade de fazer uma cirurgia bariátrica para, enfim, poder realizar os exames que precisa fazer para tratar do machucado no joelho.

A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) informou que a mulher está na lista de espera para uma avaliação clínica no Hospital Universitário Walter Cantídio. A SMS disse ainda que não há prazo para a consulta e que o período para o atendimento depende de classificação de risco, ordem de classificação e número de vagas.


Problema comum

O médico e gestor em saúde Álvaro Madeira Neto afirma que a falta de equipamentos adequados para todos os pacientes é um problema que atinge tanto a rede pública, quanto a particular de saúde.

"Não é uma exclusividade do SUS essa problemática. O sistema de saúde suplementar, os hospitais e clínicas particulares, nem todas elas também disponibilizam ou dispõem de aparelhos capazes de realizar esses exames. Caso não haja uma resolução no próprio sistema, ele pode recorrer ao sistema de saúde suplementar, aos hospitais ou clínicas particulares e realizar o exame de pacientes nesses casos específicos", diz Álvaro Madeira Neto.


Rotina difícil

A rotina é a mesma há quase 20 dias. Deitada sobre uma cama por não conseguir andar, ela conta com a ajuda de vizinhos e conhecidos tanto para cuidar do filho dela como para auxiliá-la na higiene pessoal.

"Venho todo dia ajudar ela aqui. Banho o filho dela. Não posso estar todo tempo, mas venho porque me sensibilizei muito com o caso dela", disse a amiga, a doméstica Luciana de Menezes.

Além disso, Eliane está desempregada e sobrevive com o auxílio do governo e o benefício de aluguel social. Ela precisa de ajuda para comprar produtos de cuidados diários e também para pagar a ressonância magnética em uma clínica particular, exame que custa cerca de R$ 700.

"Eu estou em uma situação que está exigindo mais gastos. Material de higiene é caro, eu não tenho como estar comprando. Preciso de um suporte para ficar fazendo tudo em cima da cama, como luvas, colchão, pomada, absorventes. São 18 dias sofrendo nessa cama sem poder fazer nada, estou para não aguentar mais", diz.


Por g1 CE


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