Fortaleza foi atingida por 83 mm de chuva entre as 7h de terça (24) e as 7h desta quarta-feira (25), a maior do ano e, mais uma vez, vários pontos da cidade foram afetados pelo grande volume das precipitações. Houve pontos de alagamento, ruas e avenidas intransitáveis, além de pessoas ilhadas, carros enguiçados e até voos cancelados.
Os alagamentos foram registrados em vários bairros por onde passam avenidas importantes da capital, como a Av. dos Expedicionários, Raul Barbosa, Silas Munguba e a Heráclito Graça, que historicamente vem sendo um dos pontos mais atingidos em dias de fortes chuvas na cidade. A areninha do Bairro Itaoca ficou alagada e o Lago Jacaray transbordou e invadiu a calçada no Bairro Cidade dos Funcionários.
De acordo com a Defesa Civil, até as 17h desta terça-feira, houve um total de nove ocorrências, entre as quais seis riscos de desabamento, uma inundação no Bairro Damas e outra no Pici, além de um desabamento parcial de um muro no Jardim América. Não houve relatos de desabrigados ou desalojados até a atualização deste último balanço.
Falta de planejamento
As enchentes em Fortaleza, assim como outras grandes cidades brasileiras, são históricas e recorrentes, mas seria a chuva a principal culpada pelo problema? Para o ambientalista e urbanista Charlles Di, os grandes municípios brasileiros não foram planejados para respeitar os ciclos hidrológicos da natureza: a evaporação das águas e, depois, as precipitações que atingem as cidades.
"A falta de planejamento urbano e intervenções inadequadas ou feitas de forma incorreta no espaço intensificaram os alagamentos e os efeitos prejudiciais das enchentes", explica.
Atrelado a isso, o urbanista afirma que a impermeabilização do solo em função do aumento das áreas asfaltadas, a canalização dos rios, alterando o seu trajeto natural, e o descarte inadequado do lixo são fatores que aumentam as chances de ocorrência de grandes áreas alagadas durante os temporais.
"As redes de drenagem que foram originalmente projetadas para uma determinada situação de ocupação do solo ficaram subdimensionadas e perderam sua capacidade de escoamento, por conta de um novo volume vindo de áreas que antes não eram impermeabilizadas", esclarece.
Por g1 CE
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