O tamanho médio dos lançamentos residenciais do Minha Casa, Minha Vida (ou do Casa Verde Amarela) na cidade de São Paulo diminuiu 5,3 m² em cinco anos, segundo o Sindicato das Empresas de Compra, Venda e Administração de Imóveis da capital paulista. O levantamento foi feito a pedido do g1.
Em 2018, a área útil média desses empreendimentos era de 40,9 m². Em 2022, ela caiu para 35,6 m².
Na cidade, que tem boa parte dos bairros com o metro quadrado mais caro do Brasil, há apenas quatro incorporadoras que atendem o mercado de projetos econômicos: Cury, MRV, Plano & Plano e Tenda. Dentre elas, a que mais reduziu o tamanho dos lançamentos foi a Plano, que passou de 40,2 m² em 2017 para 33,3 m² em média em 2022.
Segundo a diretora de incorporação da empresa, Renée Garófalo Silveira, o principal motivo para a queda da metragem dos apartamentos lançados é a renda disponível das famílias. De acordo com ela, dois fatores explicam a questão:
- O aumento do Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) encareceu o valor da unidade;
- A alta da taxa básica de juros e a deterioração da renda tornaram o financiamento mais caro.
Metro quadrado caro, famílias no limite
O custo agregado da construção subiu 35,37% entre 2020 e 2022. Mas, dentro desse índice, há componentes que tiveram aumentos mais expressivos, segundo a pesquisadora Ana Maria Castelo, coordenadora de Projetos da Construção na Fundação Getulio Vargas (FGV).
O preço dos materiais saltou quase 60% no período (57,97%). E, se desagregarmos ainda mais os dados do setor, é possível encontrar saltos maiores. É o caso, por exemplo, do preço do vergalhão (chapas de aço usadas na construção), que teve aumento de 80,7%.
No ano passado, contudo, o que puxou o aumento dos preços de construção foi a alta de preços da mão de obra. "Tudo isso repercute no orçamento das obras e desorganiza as empresas. Se pensarmos no programa, que tem valor do imóvel limitado, é uma questão mais complicada", diz Castelo.
A especialista diz que os efeitos no mercado de imóveis de médio e alto padrão são menores, pois é mais fácil repassar os custos para o valor final do imóvel. No caso de exemplares do programa Minha Casa, Minha Vida, esse repasse não funciona, seja porque fura o teto permitido ou porque as famílias não têm dinheiro para pagar o custo mais alto.
Por Thaís Matos, g1
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