A 2ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE) reduziu a pena de prisão de um delegado da Polícia Civil do Ceará condenado por estuprar a filha. O julgamento ocorreu em sessão realizada na tarde e noite desta quarta-feira (1º). O nome do delegado não será divulgado para preservar a identidade da vítima.
O policial foi condenado a 23
anos e quatro meses de prisão em 2019, mas recorreu da decisão. Agora, os
desembargadores reduziram a pena para 18 anos, 11 meses e cinco dias, com
regime inicialmente fechado. Ele também foi denunciado por estuprar a enteada
de 12 anos de idade.
VERSÕES DO CASO
A defesa do policial tentou adiar o julgamento na 2ª Câmara Criminal, mas não obteve êxito. O advogado Afonso Belarmino apresentou sustentação oral pedindo pela absolvição do delegado ao alegar que a acusação se tratava de um "inegável contexto de conflito familiar" e sem provas suficientes para a condenação.
O Ministério Público do Ceará
(MPCE) e os desembargadores entenderam diferente. A procuradora de Justiça,
Vera Lúcia Carvalho Brandão, levou à sessão detalhes de como o crime aconteceu.
Na versão da acusação, "ao invés de exercer a conduta de pai, ele
praticava atos absurdos", disse se referindo ao delegado.
Ainda de acordo com a acusação, "as declarações das vítimas são de suma importância". A vítima não titubeou em nenhum momento ou entrou em contradição. Ao invés de proteger, dar carinho e conforto à filha, ele se aproveitava da ausência da mãe da mesma e praticava atos libidinosos contra ela. Era uma conduta imoral e agressiva.
O desembargador e relator do processo Eduardo Torquato Scorsafava considerou que as provas são coesas e a denúncia é contundente. O magistrado votou mantendo a condenação, mas com reanálise da pena, que foi reduzida. Os demais integrantes da Cãmara acompanharam integralmente o relator.
CRIMES SEXUAIS
Os crimes sexuais teriam
ocorrido nos anos de 2005 e 2006. A filha do policial tinha apenas cinco anos
de idade quando começou a ser abusada. A menina começou a rejeitar a presença
do pai, o que levantou a desconfiança na família.
Em outro caso, o delegado foi denunciado por abusar sexualmente da enteada. Consta na denúncia que a menina foi vítima de atentado violento ao pudor, mediante presunção de violência.
Ela tinha 12 anos e disse que
certa noite acordou com o denunciado de cuecas, deitado por cima dela.
"Depois disso, o denunciado passou a lhe humilhar por nada e costumava ir
ao quarto da adolescente, sempre na ausência da mãe, onde pegava em suas partes
íntimas... e ainda a ameaçava para que não contasse sobre os fatos delituosos,
caso contrário, mataria a mesma e sua mãe".
Na esfera administrativa,
conforme a Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos da Segurança Pública e
Sistema Penitenciário (CGD), o processo instaurado está em fase de instrução.
DN
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