quarta-feira, 12 de julho de 2023

Ex-secretária de cultura é denunciada pelo MP por interromper apresentação junina com inspiração no candomblé, no Ceará



A ex-secretária de turismo e cultura de Uruburetama, Fernanda Mara Mota Braga Carneiro, foi denunciada, nesta segunda-feira (10), pelo Ministério Público por suposta discriminação religiosa praticada durante uma apresentação da quadrilha “Trem Maluco” nos festejos juninos de 2022 do município. A performance tinha um momento inspirado no candomblé, o que teria desagradado a ex-secretária, que tentou interromper a apresentação.

Os participantes da quadrilha afirmam que a secretária mandou parar a apresentação alegando ser "macumba", no momento em que os participantes se apresentavam de branco em homenagem à Irmã 

Dulce, freira brasileira que desenvolveu um trabalho de ajuda aos pobres na Bahia. O g1 não localizou a defesa de Fernanda Mara.

A denúncia foi feita por meio da 2ª Promotoria de Justiça de Uruburetama. Conforme o MP, a ex-gestora municipal, ao tomar conhecimento que a apresentação da quadrilha tinha como enredo o casamento de noivos de religiões diferentes – o noivo do candomblé e a noiva católica – teria proferido as seguintes palavras ao fundador e proprietário da quadrilha, Cosmo de Andrade Alves: “Se eu soubesse que era desse jeito eu não teria convidado vocês”.

Uma integrante da agremiação informou ainda que Fernanda Mara teria tentado interromper a apresentação do grupo junino com a seguinte fala direcionada ao operador de som: “Ei, para! Eu mandei parar! Eu pensei que o Cosmo ia trazer uma quadrilha, mas trouxe candomblé”, informou o MPCE.

Outro integrante da quadrilha, que trabalhava filmando a apresentação, ainda informou que a denunciada teria dito para que ele parasse o que estava fazendo e se afastasse.


Tentativa de acordo

Devido a denunciada preencher os requisitos objetivos (pena mínima do crime em questão ser menor de quatro anos) e subjetivo (não possuir antecedentes criminais), o MPCE, por meio do promotor de Justiça Edilson Izaias de Jesus Júnior, propôs Acordo de Não Persecução Penal (ANPP) em 4 de maio de 2023.

No entanto, Fernanda Mara não aceitou a proposta, motivo que levou o MPCE a denunciá-la com base no artigo 20 da Lei Federal nº 7.716/89. A legislação destaca que é crime “praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional”. A pena é de reclusão de um a três anos e multa.


Por g1 CE

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