quarta-feira, 13 de setembro de 2023

Polícia investiga violência obstétrica no Ceará após casos de bebê morto e mães machucadas no parto

 


Pelo menos cinco mulheres que estavam grávidas denunciam que sofreram violência obstétrica no Hospital e Maternidade José Pinto Do Carmo, em Baturité, no interior do Ceará. No caso mais recente, um recém-nascido morreu na sexta-feira (8), 17 dias após o parto na unidade. A polícia investiga o caso como suspeita de lesão corporal dolosa, quando há intenção de praticar o crime.

A mãe da criança, Vanessa Rocha, afirma que foi acompanhada por profissionais de saúde de Pacoti, mas no dia do parto, em 22 de agosto, foi encaminhada ao hospital de Baturité com 40 semanas de gestação.

Segundo Vanessa, o parto evoluiu normalmente, porém ela parou de ter dilatação, e a equipe médica afirmou que o bebê estava com baixa frequência cardíaca. Após isso, o médico realizou a manobra de Kristeller, técnica que pressiona a parte superior do útero para acelerar a saída do bebê. O procedimento já foi banido pelo Ministério da Saúde e pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

"Pedi várias vezes que ele fizesse meu cesáreo, aí ele estourou minha bolsa. A bolsa foi rompida pelo médico, ela não rompeu só. O que eu passei eu não quero que nenhuma outra mãe passe, foi terrível. Uma das manobras que ele fez eu falei 'doutor o senhor vai matar meu filho'. Isso eu falei por três vezes. Meu filho nasceu muito roxo, colocaram em cima de mim por segundos. [...] Uma coisa que eu conseguir ver é que a cor do meu filho voltou, mas o choro tão esperado, tão sonhado, nunca veio", relatou Vanessa Rocha.

Após o nascimento, o filho de Vanessa apresentou problema respiratório severo e foi transferido para o Hospital São Camilo, em Fortaleza, onde faleceu.

De acordo com o laudo emitido pela unidade, a criança um edema cerebral difuso, caracterizado por um inchaço no cérebro causado por um aumento do volume de líquido no tecido, o que provocou a paralisação de outros órgãos do corpo do bebê.

"O que eu passei eu não quero que nenhuma outra mãe passe, foi terrível", lamentou Vanessa, que já estava com tudo preparado em casa para a chegada do filho.

Vanessa foi a sede da Perícia Forense (Pefoce), em Fortaleza, e realizou um exame de corpo de delito, porque a barriga dela ainda se encontra com marcas roxas e amarelas devido à pressão feita pelo médico durante o parto. A mulher também registrou um Boletim de Ocorrência.

A TV Verdes Mares tentou contato com o Hospital e Maternidade José Pinto do Carmo, onde ocorreram os partos, mas as diversas ligações não foram atendidas.


Por George Facundo e Lena Sena, g1 CE


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