A Câmara aprovou nesta terça-feira, 12, projeto de lei que
amplia a faixa de isenção da cobrança do Imposto de Renda (IR) para beneficiar
quem ganha até dois salários mínimos, o que hoje equivale a R$ 2.824 por mês. A
votação foi simbólica, ou seja, não foram contabilizados votos a favor ou
contra, embora a oposição tenha tentado obstruir a análise do texto, que agora
vai a análise no Senado.A proposta tramitou em regime de urgência para que
pudesse pular etapas, como a análise em comissões, e ser aprovada de forma mais
rápida no plenário. O conteúdo é o mesmo de uma medida provisória editada pelo
presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 6 de fevereiro. Devido ao efeito
imediato da MP, o benefício já está em vigor.
A nova tabela isenta 15,8 milhões de brasileiros do IR,
segundo o Ministério da Fazenda. A pasta estima uma redução de receitas de R$
3,03 bilhões, em 2024; de R$ 3,53 bilhões, em 2025; e de R$ 3,77 bilhões em
2026.
Lula tem reafirmado a promessa feita na campanha eleitoral
de 2022 de que, até o fim de seu mandato, isentará de IR quem ganha até R$ 5
mil mensais. No plenário da Câmara, contudo, oposicionistas disseram que o
presidente da República descumpriu esse compromisso. Partidos como Novo e PL
tentaram obstruir a votação."Existe uma máxima de que promessa é dívida.
No caso do PT e do governo, promessa é dúvida. Eu quero saber como o governo e
os parlamentares de esquerda vão andar nas ruas e explicar para o povo brasileiro
que eles estavam prometendo R$ 5 mil de isenção de Imposto de Renda e não
deram", disse o líder da oposição, Carlos Jordy (PL-RJ).O deputado José
Guimarães (PT-CE), líder do governo na Casa, rebateu. "A essa hora da
noite, a turma do (ex-presidente Jair) Bolsonaro vem cobrar do governo aquilo
que eles não fizeram em quatro anos. Passaram quatro anos, não reajustaram um
centavo do Imposto de Renda. Com todo respeito, mas é muita cara de pau."
A deputada Adriana Ventura (Novo-SP) reclamou que foi
retirado do projeto um trecho que previa o reajuste automático a cada ano da
tabela de Imposto de Renda. "O texto original traz a indexação a dois
salários mínimos. Por alguma razão que não foi muito explicitada, tiraram a
indexação e deixaram o valor fixo", disse a parlamentar. O texto original
da proposta era de autoria de Guimarães. O relatório votado ontem foi feito
pelo deputado Emanuel Pinheiro Neto (MDB-MT).Sem compensaçãoSegundo a Fazenda,
o aumento da faixa de isenção da cobrança do IR não exige, segundo a
legislação, que o governo apresente uma medida compensatória específica para a
renúncia de receita gerada. A pasta afirma que, embora a lei não demande a
compensação, a pasta vai "garantir" o cumprimento da meta de
resultado primário deste ano, que é de zerar o déficit.
Autor : Agência Estado
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