A empresária Laísa do Nascimento, de 26 anos, esfaqueada por
criminosos na própria loja em Juazeiro do Norte, disse que se fingiu de morta
durante a ação para os suspeitos irem embora.
Em entrevista exclusiva à TV Verdes Mares, a vítima contou o
que lembra da cena do crime e detalhou como está seu tratamento. O caso
aconteceu em janeiro deste ano:
“Na hora que eles entraram, desconfiei. Pensei que era
roubo. Lembro que eles perguntaram se tinha roupa que desse para as namoradas
deles. Quando vi que eles iam fazer uma coisa, voltei. Aí ele puxou, tapou a
boca e falou 'perdeu'. No meio da situação em que estava revidando, senti um
homem falando comigo: ‘pare, finja que morreu que eles vão parar’. Aí eu
fingi”, disse Laísa.
A jovem sofreu uma tentativa de homicídio ordenada pelo
ex-patrão e a companheira dele, que deviam R$ 10 mil a ela, oriundo de uma
causa trabalhista. Laísa ficou internada em estado grave na Unidade de Terapia
Intensiva (UTI) do Hospital Regional do Cariri (HRC), de onde recebeu alta após
duas semanas.
“Não senti medo, fiquei assustada por estar passando por
aquilo. Eu sabia que isso eu não fosse mulher, não estava. Era isso,
impotência. Tive que me defender, por isso tentei revidar. Se sentiram
confiantes em fazer porque sou mulher”, desabafou a vítima.
O dentista e a administradora de clínica foram presos
apontados como mandantes da tentativa de homicídio. Uma câmera de segurança
flagrou toda a ação. As imagens são fortes e é possível perceber que Laísa se
deita no chão em certo momento.
A empresária disse que ela havia sido contratada de forma
irregular pelo casal e, após perceber, tentou pedir seus direitos trabalhistas.
"Tentei ajustar, negociar. Eu e Savana (a
administradora da clínica) nos conhecemos em um trabalho que fizemos há muito
tempo em uma clínica. Ela me ajudava demais lá. Você fica surpreso, porque ela
era uma pessoa de empatia com tudo, humilde, passou fome. Falava muito do pai
dela, que era sempre trabalhador", relatou.
Já sobre o dentista, Laísa disse que não tinha muita relação
com ele, mas que o homem sempre foi "muito autoritário".
"Sempre foi cabeça erguida, muito autoritário. Ela não
tinha coragem de demitir, sempre era ele. Sinto pena (dos envolvidos), porque
perderam a vida".
Laísa teve sequelas dos cortes. Ainda recupera o movimento
de um dos braços, uma das pernas. Ela tem recebido auxílio de uma equipe
multidisciplinar e faz uma rifa para conseguir arcar com todos os custos.
"A rotina está voltando ao normal aos poucos. Quando
saí de lá (do hospital), não mexia um braço, a perna não levantava. Agora,
estou andando. Antes não falava nem comia. Sou muito grata aos profissionais. Quem
quiser me ajudar, ficarei muito grata pelas orações e ponto na rifa",
acrescentou.
Um dentista e uma administradora de clínica foram presos em
15 de janeiro apontados como mandantes da tentativa de homicídio contra a
empresária. Eles foram identificados como Francisco Jonhnatan Alves e Silva, de
38 anos, e Savana Silva de Oliveira, de 24 anos.
A Polícia informou que o casal pagou R$ 5 mil para
criminosos matarem a empresária Laísa Andrade, de 26 anos, em Juazeiro do
Norte, no interior do Ceará, conforme a Polícia Civil. Em 12 de janeiro, dois
homens foram até a loja onde Laísa trabalha e a atingiram com golpes de faca, a
mando do casal, que possui uma dívida trabalhista de R$ 10 mil com a vítima.
De acordo com a polícia, o valor de R$ 5 mil, seria dividido
entre Marcelo Barbosa de Almeida e José Pedro das Chagas Pinto de Sousa, ambos
presos; e um terceiro suspeito, conhecido como 'Alemão'.
A polícia explicou que Alemão ia perdoar uma dívida de droga
dos executores, Marcelo e José Pedro, e daria uma parte dos R$ 5 mil a cada um
deles. Como o homicídio não foi realizado, conforme a polícia, o casal
Francisco Jonhnatan Alves e Savana Oliveira não pagou o dinheiro aos executores
da tentativa de homicídio.
As investigações apontaram ainda que Alemão era paciente do
dentista Francisco Jonathan Alves e foi assim que fizeram o primeiro contato
para arquitetar o crime.
Em nota recente, o Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE) disse
que a denúncia foi aceita pela Justiça e que todos são réus pelo crime
praticado contra a vítima. Eles já apresentaram resposta à acusação. No
momento, em razão de uma preliminar apresentada por um dos réus, o processo
está com o Ministério Público para dar um parecer. O processo segue em
andamento.
Por Darlene Barbosa, Gabriela Feitosa, TV Verdes Mares, g1CE.
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