Una-se aos bons e serás um deles, ensina a sabedoria
popular. E em matéria de sabedoria – em qualquer nível – os chineses são
insuperáveis. Por isto mesmo, o secretário do Desenvolvimento Econômico (SDE)
do Governo do Ceará, Salmito Filho, não hesitou um segundo ao receber e aceitar
o convite da Envision Energy, a maior do mundo na área das energias renováveis,
para visitar, pessoalmente, as plantas que a empresa tem em operação na
Dinamarca e na China – ela as tem, igualmente, em dezenas de outros países.
Os chineses estão de olho no potencial energético do Ceará
tanto na geração eólica quanto na solar fotovoltaica.
Discreto, sem qualquer aviso prévio, o secretário Salmito
Filho embarcou quarta-feira no final da tarde em um Airbus A350 da Air France
com destino a Paris, onde nove horas mais tarde fez conexão para Copenhagem,
capital da Dinamarca, sendo recebido por executivos da Envision, que durante
todo o dia de hoje e de amanhã o levarão a cumprir um extenso programa de
visitas e reuniões técnicas.
A Envision quer apresentar e comprovar ao Governo do Ceará
suas credenciais de líder de energia renovável no planeta. A visita às suas unidades
geradoras na Dinamarca certificará o representante do governo cearense sobre a
alta qualidade dos seus produtos e serviços.
Por sua vez, a visita à China, para onde ele viajará sábado
à noite, além do mesmo objetivo, detalhará o que pretende e onde pretende a
Envision no Ceará.
Uma fonte da SDE, pedindo e obtendo o anonimato, não tem
dúvida dos objetivos dos chineses da Envision neste estado:
“Eles querem investir em energias renováveis, eles conhecem
todo o potencial cearense nessa área, sabem onde estão os melhores bancos de
vento e, também, os sítios com os melhores índices de insolação. Eles têm
dinheiro para o investimento, e isto é uma boa vantagem comparativa. E o
Governo do Ceará está – como sempre esteve – aberto a empreendimento desse
tipo, pois tem tudo a ver com o nosso projeto voltado para a transição
energética”, comentou a fonte.
Salmito Filho, em cuja cabeça todos as informações
estratégicas da economia do Ceará estão armazenadas, já esteve na China
acompanhando o governador Elmano de Freitas em reuniões com autoridades e
empresários chineses.
Isto quer dizer que ele não será surpreendido com os hábitos
da cultura chinesa, como o de brindar várias vezes – com aguardente ou uísque
da China – durante o almoço ou o jantar. Cada golada de um drink deve ser a
menor possível, com o que se evitará algum desagradável excesso etílico.
Ontem, em Brasília, mais precisamente na Granja do Torto,
cenário granjeiro apropriado para reuniões desse tipo, o presidente Lula
recebeu 40 líderes empresariais da fruticultura brasileira.
O encontro foi organizado pelo Palácio do Planalto com a
ajuda da Associação Brasileira dos Produtores Exportadores de Frutas
(Abrafrutas), cujo presidente é o baiano Guilherme Coelho.
Do Ceará, foram Tom Prado, CEO da Itaueira, segundo maior
produtora de meção do país, Luís Roberto Barcelos, sócio e diretor da Agrícola
Famosa, a maior produtora mundial de melão, e Edson Brok, maior exportador de
banana nanica para a Europa, com fazenda de produção na Chapada do Apodi, no
Ceará.
Preocupado com o aumento dos preços dos alimentos e com sua
popularidade em baixa, Lula quer aproximar-se das lideranças da agropecuária
com um declarado objetivo: aumentar a produção dos alimentos que o brasileiro
come diariamente. Produzindo mais, a oferta dos produtos passará a ser maior do
que a procura, e os preços cairão, é assim que acontece numa economia de livre
mercado.
Mas nos corredores do Palácio do Planalto especula-se que o
governo pretende intervir no mercado, estabelecendo os preços das mercadorias.
Se isto acontecer, a produção e a distribuição dos alimentos hortifrutis – e
das demais mercadorias – explodirão, e aí a inflação irá para o espaço. E a
popularidade do presidente desabará e cairá num poço profundo, de areia
movediça.
Escrito por Egídio Serpa.
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