Quintino Vieira, titular da Superintendência de Obras
Públicas (SOP) do Governo do Ceará, disse a um grupo de empresários da
agropecuária com os quais se reuniu segunda-feira, 18, que obteve, junto ao
presidente da Câmara dos Deputados, Artur Lira, uma verba de R$ 100 milhões do
Orçamento Geral da União deste ano para a construção do Hospital Regional de
Baturité.
Ele também anunciou que, a seu pedido, o governador Elmano
de Freitas autorizou a realização de um concurso público para a contratação de
100 novos engenheiros para a SOP, cujos trabalhos foram multiplicados nos
últimos anos. O salário inicial será de R$ 2.800,00 e mais uma gratificação
mensal de R$ 5 mil. Ao completarem cinco anos de serviço, o salário será acrescido
de mais R$ 3 mil.
Os agropecuaristas impressionaram-se com o que ouviram do
secretário Quintino Vieira, engenheiro que há 16 anos comanda a execução das
obras públicas do Governo do Ceará. Ele despejou, durante as duas horas que
durou a reunião, uma torrente de informações. A seguir, algumas delas:
A SOP dispõe de R$ 1 bilhão somente para obras de construção
de novas e de manutenção das antigas estradas estaduais;
No fim do próximo mês de novembro, a duplicação do IV Anel
Viário de Fortaleza estará concluída, para o que a Caixa Econômica Federal
acaba de liberar R$ 94 milhões;
Pelo Anel Viário transitam, diariamente, 957 caminhões
pesados, que vão e voltam dos Portos do Pecém e Mucuripe. Desse total, 48 são
caminhões que transportam pesadas e compridas pás eólicas. (Aqui, houve
polêmica, porque os empresários entendem que passam diariamente pelo Anel
Viário muito mais caminhões do que o número citado pelo titular da SOP, que
sustentou sua opinião, alegando que ela se baseia em contagem de tráfego);
Para evitar que o tráfego dos caminhões transportadores das
pás eólicas continue a danificar trechos da BR-116, a SOP licitará nos próximos
dias a construção de um trecho variante que – no sentido Oeste-Leste do Anel
Viário – se iniciará antes do Hospital do Câncer e se concluirá 1,7 km depois
na BR-116, sem passar pelas alças do viaduto, que são um ponto negro de
congestionamento naquela rodovia federal. Essa variante custará R$ 6 milhões,
sem incluir as desapropriações. (Aqui houve outra polêmica, mas registrada
depois que o secretário se ausentou da reunião: a quase unanimidade dos
empresários considerou, em conversa entre eles, que a confusão no viaduto da
BRB-116 com o Anel Viário continuará depois da construção da variante, e todos
consideraram que o correto e sensato será duplicar as alças desse viaduto);
Quintino Vieira transmitiu outra notícia que alegrou os
agropecuaristas: as obras de recuperação da “Estrada do Melão”, na Chapada do
Apodi, crucial para o transporte do cimento e das frutas que se produzem
naquela região, serão licitadas no próximo dia 15 de abril.
Um fruticultor quis saber se será possível melhorar as
condições de tráfego da estrada de acesso ao aeroporto do Projeto de Irrigação
Jaguaribe-Apodi, mas o engenheiro Quintino Vieira logo o aparteou dizendo que
“essa rodovia é inviável, pois ligará o nada a coisa nenhuma”.
E fez críticas ao estado de abandono do aeroporto antigo,
construído no tempo em que o ministro da Irrigação era o saudoso cearense
Vicente Fialho. Quintino sugeriu que “será
melhor construir um aeroporto novo em Limoeiro do Norte, na
área urbana da sede municipal e perto do Hospital Regional”.
Um pecuarista perguntou se o Ceará tem alguma rodovia em
condições de ser privatizada. Reposta:
“Nenhuma. Para tornar-se rodovia pedagiada, uma estrada deve
registrar, no mínimo, o tráfego de 4 mil veículos por hora. E nenhuma de nossas
rodovias, nem a CE-040 – duplicada, que vai de Fortaleza a Aracati – tem,
ainda, esse tráfego”.
E o Arco Metropolitano – o projeto de construção de uma
estrada duplicada, com 27 pontes e alguns viadutos, com canteiro central e iluminação,
ligando a BR-116 em Pacajus ao Porto do Pecém? Foi a pergunta de um
cotonicultor.
Quintino
respondeu assim, usando outras palavras:
“Essa estrada não vai acontecer. O Governo do Estado não tem
dinheiro para tamanho e tão caro empreendimento. Ele custaria entre R$ 5
bilhões e R$ 6 bilhões. E os empresários, os principais interessados nela, não
meterão seu dinheiro em um empreendimento de tão alto custo”.
E para encerrar a conversa, Quintino Vieira contou a
seguinte história, também com outras palavras, mas com o claro objetivo de
mostrar a inviabilidade do Arco Metropolitano:
“Quando governava o Ceará, Camilo Santana, meu chefe, reuniu
no Palácio da Abolição pouco mais de 10 grandes empresários cearenses que
desejavam a construção do Aquário de Fortaleza. O projeto estava estimado em R$
500 milhões. Camilo disse a eles que o governo estadual custearia a metade do
investimento, ou seja, R$ 250 milhões, e perguntou aos empresários se eles
topariam entrar com os R$ 250 milhões restantes, e aí o aquário será dos
senhores para seu total usufruto econômico, social e financeiro. Para surpresa
geral, nenhum dos empresários presentes concordou com a proposta. Todos
disseram não.”
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