quarta-feira, 20 de março de 2024

Lira manda R$ 100 milhões do OGU para Hospital no Ceará

 


Quintino Vieira, titular da Superintendência de Obras Públicas (SOP) do Governo do Ceará, disse a um grupo de empresários da agropecuária com os quais se reuniu segunda-feira, 18, que obteve, junto ao presidente da Câmara dos Deputados, Artur Lira, uma verba de R$ 100 milhões do Orçamento Geral da União deste ano para a construção do Hospital Regional de Baturité.

Ele também anunciou que, a seu pedido, o governador Elmano de Freitas autorizou a realização de um concurso público para a contratação de 100 novos engenheiros para a SOP, cujos trabalhos foram multiplicados nos últimos anos. O salário inicial será de R$ 2.800,00 e mais uma gratificação mensal de R$ 5 mil. Ao completarem cinco anos de serviço, o salário será acrescido de mais R$ 3 mil.

Os agropecuaristas impressionaram-se com o que ouviram do secretário Quintino Vieira, engenheiro que há 16 anos comanda a execução das obras públicas do Governo do Ceará. Ele despejou, durante as duas horas que durou a reunião, uma torrente de informações. A seguir, algumas delas:

A SOP dispõe de R$ 1 bilhão somente para obras de construção de novas e de manutenção das antigas estradas estaduais;

No fim do próximo mês de novembro, a duplicação do IV Anel Viário de Fortaleza estará concluída, para o que a Caixa Econômica Federal acaba de liberar R$ 94 milhões;

Pelo Anel Viário transitam, diariamente, 957 caminhões pesados, que vão e voltam dos Portos do Pecém e Mucuripe. Desse total, 48 são caminhões que transportam pesadas e compridas pás eólicas. (Aqui, houve polêmica, porque os empresários entendem que passam diariamente pelo Anel Viário muito mais caminhões do que o número citado pelo titular da SOP, que sustentou sua opinião, alegando que ela se baseia em contagem de tráfego);

Para evitar que o tráfego dos caminhões transportadores das pás eólicas continue a danificar trechos da BR-116, a SOP licitará nos próximos dias a construção de um trecho variante que – no sentido Oeste-Leste do Anel Viário – se iniciará antes do Hospital do Câncer e se concluirá 1,7 km depois na BR-116, sem passar pelas alças do viaduto, que são um ponto negro de congestionamento naquela rodovia federal. Essa variante custará R$ 6 milhões, sem incluir as desapropriações. (Aqui houve outra polêmica, mas registrada depois que o secretário se ausentou da reunião: a quase unanimidade dos empresários considerou, em conversa entre eles, que a confusão no viaduto da BRB-116 com o Anel Viário continuará depois da construção da variante, e todos consideraram que o correto e sensato será duplicar as alças desse viaduto);

Quintino Vieira transmitiu outra notícia que alegrou os agropecuaristas: as obras de recuperação da “Estrada do Melão”, na Chapada do Apodi, crucial para o transporte do cimento e das frutas que se produzem naquela região, serão licitadas no próximo dia 15 de abril.

Um fruticultor quis saber se será possível melhorar as condições de tráfego da estrada de acesso ao aeroporto do Projeto de Irrigação Jaguaribe-Apodi, mas o engenheiro Quintino Vieira logo o aparteou dizendo que “essa rodovia é inviável, pois ligará o nada a coisa nenhuma”.

E fez críticas ao estado de abandono do aeroporto antigo, construído no tempo em que o ministro da Irrigação era o saudoso cearense Vicente Fialho. Quintino sugeriu que “será

melhor construir um aeroporto novo em Limoeiro do Norte, na área urbana da sede municipal e perto do Hospital Regional”.

Um pecuarista perguntou se o Ceará tem alguma rodovia em condições de ser privatizada. Reposta:

“Nenhuma. Para tornar-se rodovia pedagiada, uma estrada deve registrar, no mínimo, o tráfego de 4 mil veículos por hora. E nenhuma de nossas rodovias, nem a CE-040 – duplicada, que vai de Fortaleza a Aracati – tem, ainda, esse tráfego”.

E o Arco Metropolitano – o projeto de construção de uma estrada duplicada, com 27 pontes e alguns viadutos, com canteiro central e iluminação, ligando a BR-116 em Pacajus ao Porto do Pecém? Foi a pergunta de um cotonicultor.

Quintino respondeu assim, usando outras palavras:

“Essa estrada não vai acontecer. O Governo do Estado não tem dinheiro para tamanho e tão caro empreendimento. Ele custaria entre R$ 5 bilhões e R$ 6 bilhões. E os empresários, os principais interessados nela, não meterão seu dinheiro em um empreendimento de tão alto custo”.

E para encerrar a conversa, Quintino Vieira contou a seguinte história, também com outras palavras, mas com o claro objetivo de mostrar a inviabilidade do Arco Metropolitano:

“Quando governava o Ceará, Camilo Santana, meu chefe, reuniu no Palácio da Abolição pouco mais de 10 grandes empresários cearenses que desejavam a construção do Aquário de Fortaleza. O projeto estava estimado em R$ 500 milhões. Camilo disse a eles que o governo estadual custearia a metade do investimento, ou seja, R$ 250 milhões, e perguntou aos empresários se eles topariam entrar com os R$ 250 milhões restantes, e aí o aquário será dos senhores para seu total usufruto econômico, social e financeiro. Para surpresa geral, nenhum dos empresários presentes concordou com a proposta. Todos disseram não.”

 

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