Sob crescente pressão para renunciar à medida que as gangues
tomam conta do país, o primeiro-ministro do Haiti, Ariel Henry, prometeu deixar
o cargo assim que um conselho de transição for estabelecido para viabilizar a
eleição de um novo presidente. Não ficou claro quando isso ocorrerá
efetivamente. Diante da instabilidade, o Quênia suspendeu o envio da
força-tarefa para ajudar a conter a violência na nação caribenha até que um
novo governo seja formado. O primeiro-ministro anunciou sua intenção de
renunciar depois de ter ficado retido por dias em Porto Rico, na sequência de
uma tomada de controle de grande parte da capital haitiana por gangues, o que
impossibilitou seu regresso. Sua decisão seguiu-se a vários dias de ataques
violentos a delegacias, presídios, principal aeroporto, porto e outras
instituições estatais. Os líderes das gangues reivindicavam sua renúncia e
eleições para presidente.
A renúncia foi anunciada inicialmente pelo atual presidente
da Comunidade do Caribe (Caricom), o presidente da Guiana, Irfaan Ali, que
realizou uma reunião urgente na Jamaica com autoridades do bloco, incluindo o
secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken. Eles se reuniram a portas fechadas
por várias horas. Henry não compareceu à reunião e não ficou claro se ele
participou remotamente, mas confirmou depois sua intenção de renunciar.
"Dói e nos revolta ver todas essas pessoas morrendo. O governo que lidero
não pode ficar insensível a essa situação", postou ele nas redes sociais.
Após meses de atrasos, o Haiti e o Quênia assinaram este mês
um acordo para o envio de mil agentes policiais quenianos para o país
caribenho. O presidente do Quênia, William Ruto, disse que seu país tinha o "dever
histórico" de avançar porque "a paz no Haiti é boa para o mundo como
um todo".O ministro do Interior do Quênia, Kithure Kindiki, disse na
segunda-feira que a missão estava na "fase de pré-deslocamento" e que
todos os programas e medidas de fiscalização relacionados com o destacamento já
estavam em vigor.
Autoridades do Quênia reiteraram que o acordo foi fechado
com Henry, e continuará valendo, mas o país não enviará forças de segurança sem
que haja um governo em exercício. "Os policiais não podem simplesmente
serem enviados para as ruas de Porto Príncipe sem uma administração
instalada", disse o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros do
Quênia, Salim Swaleh. Henry viajou para o Quênia para tomar as providências
finais para o acordo. A missão queniana tem o aval das Nações Unidas e é, em grande
parte, financiada pelos EUA, que na segunda-feira se comprometeram a fornecer
mais ajuda.A missão já tinha sido adiada por decisões judiciais quenianas, mas
o acordo que Henry e Quênia assinaram pretendia eliminar o último obstáculo
legal para que o destacamento pudesse prosseguir.
Os líderes de gangues aproveitaram a ausência de Henry para
sair às ruas e semear mais confusão. Ataques orquestrados a duas prisões
libertaram milhares de presos. Tiros no principal aeroporto de Porto Príncipe
obrigaram à suspensão dos voos; casas foram saqueadas por toda a cidade. A ONU
denunciou diariamente civis mortos por tiros. As gangues ameaçaram iniciar uma
guerra civil se o premiê não renunciasse. Henry, que foi nomeado para o cargo,
tornou-se amplamente impopular entre os haitianos devido à sua incapacidade de
protegê-los das gangues e à sua aparente relutância em realizar eleições. (COM
AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)
Autor: Agência
Estado
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