A Justiça do Ceará revogou a prisão de oito homens
capturados na Operação Annulare, que foi deflagrada após a prisão de Valeska
Pereira Monteiro, conhecida como “Majestade”. Eles fariam parte do grupo
criminoso comandando por Valeska e estavam presos suspeitos de tráfico de
drogas e integrar facção criminosa no estado. A decisão entrou nos autos nesta
quarta-feira (15), conforme o advogado de defesa de um dos beneficiados.
A defesa de Bruno Victor da Silva Ricardo pediu a revogação
da prisão, com base na decisão que considerou frágil a prova usada após
apreensão do celular de Majestade, em 2023. A Justiça atendeu o pedido e
estendeu a decisão para mais sete capturados.
"A decisão que revogou a prisão preventiva dos réus é
irretocável e respalda-se na ausência de pressupostos capazes de justificar a
manutenção da segregação cautelar. A tendência é que, tal qual os demais
desmembramentos já julgados, todos os réus sejam absolvidos por insuficiência
de provas", disse o advogado Taian Lima.
Na operação, foram cumpridos mais de 800 mandados, sendo 358
de prisão e 455 de apreensão. À época, um dos suspeitos resistiu à prisão,
trocou tiros com policiais e foi baleado no braço. "Majestade" foi
presa em agosto quando estava de férias em Gramado, no Rio Grande do Sul. A
partir dela, a polícia obteve informações e mapeou outros integrantes do grupo
criminoso.
"A investigação foi iniciada através da captura de um
alvo de uma liderança de outro estado e a investigação evoluiu. A Draco
identificou quem eram as pessoas que exerciam comando dentro desta organização.
Nós temos alvos em todo o estado Fortaleza, Região Metropolitana, Interior
Norte e Interior Sul e em Pernambuco. Também foram localizados lá",
afirmou o ex-delegado-geral da Polícia Civil, Sérgio Pereira.
O ex-secretário da Segurança do Ceará, Sandro Caron, disse
que as forças policiais chegaram ao "segundo escalão" da facção. A
ação batizada "Anullare" foi realizada em Fortaleza e outras 50
cidades do Ceará, além de Pernambuco. Segundo a Polícia Civil do Ceará, a
operação é a maior da história da instituição em combate a um único grupo
criminoso.
Majestade foi captura em 26 de agosto de 2021, durante o
cumprimento de um mandado de prisão contra ela. A jovem foi depois levada a
Fortaleza (assista, acima, à chegada de Majestade a Fortaleza).
Majestade tem antecedentes criminais por roubo, associação
criminosa, crime contra a fé pública e tráfico de drogas. Também é suspeita de
fazer o controle financeiro e da distribuição de áreas do tráfico de drogas em
Fortaleza e na Região Metropolitana.
'Majestade' é presa pela polícia do Ceará enquanto passava
férias em Gramado
Conforme as investigações da Polícia Civil, enquanto os
membros e grupos criminosos disputavam territórios, o que resultava em
homicídios, a mulher aproveitava as férias no sul do país.
O então delegado-geral-adjunto da Polícia Civil do Ceará,
Márcio Rodrigo Gutiérrez disse que Majestade era monitorada desde o final de
2020.
Majestade era considerada foragida após romper a
tornozeleira eletrônica. Segundo ele, mesmo fora do Ceará, Majestade continuava
comandando o tráfico no estado.
"Identificamos que ela continuava com o seu poder de
organização, de deliberação e de decisão. E uma dessas decisões é exatamente
essa de distribuição dos territórios para que integrantes do grupo pudessem
estabelecer seus comércios de drogas", disse Gutierrez.
Em 2014, Majestade já havia sido presa por liderar uma
quadrilha que roubava casas e estabelecimentos comerciais em Fortaleza.
Por Samuel Pinusa, g1 CE
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