O Ceará teve 41 policiais assassinados entre 2020 e maio de
2024. Nos primeiros meses deste ano, cinco agentes da Polícia Militar foram
mortos no estado. Os crimes aconteceram contra policiais de serviço, de folga e
também na reserva das corporações. Na última semana, um policial foi morto em
um frigorífico de Icó e outro agente foi assassinado em Fortaleza — na frente
de uma equipe da Polícia Militar que passava no local.
Em 2024, quatro assassinatos foram de agentes que estavam de
folga. Um deles, estava na reserva. Em quatro dos casos, suspeitos já foram
identificados e presos. Não há registros contra policiais civis. Em 2023, foram
nove casos contra policiais. O mesmo número se repetiu em 2020, 2021 e 2022.
Wendson Borges, representante da Associação dos Praças do
Ceará, comentou sobre os crimes contra policiais. “Esses últimos casos causam
uma estranheza porque a maioria estava de folga”, pontuou.
“Nós esperamos que se tenha a investigação devida para saber
quais foram as motivações dos crimes. Sabemos que, partindo do princípio que
está sendo atacado policial militar, aquele que está na ponta, na defesa da
sociedade, colocando a vida em risco no trabalho e de folga, pois não deixa de
ser policial militar, isso cria um sinal de alerta”, disse.
Policial de folga é morto a tiros em rua de Fortaleza
Luiz Fábio Paiva, sociólogo do Laboratório de Estudos da
Violência (LEV) da Universidade Federal do Ceará (UFC), explicou que os crimes
refletem um contexto violento mais amplo. “Quando nós temos situações em que
grupos armados controlam territórios e estão dispostos ao enfrentamento, eles
expõem a população daquele local, mas também a força policial a uma situação de
perigo, entre outros problemas”, avaliou.
“Quando a gente chega em bairros controlados por facções, há
um processo de desintegração da comunidade. É preciso recompor, reintegrar e se
reaproximar daquela comunidade observando quais são os problemas”, complementou
o pesquisador.
Ceará perde 41 policiais em quatro anos
A Secretaria da Segurança Pública informou que todos os
crimes contra a vida de servidores das forças de segurança do Ceará são
investigados pela 11ª Delegacia do Departamento de Homicídios e Proteção à
Pessoa (DHPP) da Polícia Civil. A unidade é especializada em investigar crimes
dolosos contra a vida e latrocínios praticados em desfavor de agentes de
segurança pública.
A SSPDS disse ainda que não mede esforços para elucidar os
casos, bem como identificar e prender os suspeitos das ações criminosas. No ano
passado, 3.881 policiais militares concluíram o curso Abordagem Policial e Tiro
Defensivo, promovido pela Academia Estadual de Segurança Pública (Aesp).
A formação tem por finalidade atualizar os policiais
militares para práticas de abordagem, manuseio do armamento e tiro policial
defensivo, além de promover o conhecimento das técnicas operacionais militares
constantes no Manual de Procedimentos Operacionais da PMCE.
Além disso, os profissionais da segurança são capacitados
acerca de protocolos de sobrevivência policial em situações de riscos durante
os períodos de folga. A iniciativa, denominada de Instruções de Táticas
Individuais (ITIs), foi instituída em 2020 pelo comando geral da PMCE.
A capacitação tem o objetivo de orientar os PMs sobre como
devem agir em ações preventivas, em procedimentos ao sair de casa, no manuseio
de armas de fogo e algemas, posições táticas, além de orientações básicas e
treinamentos voltados para técnicas de sobrevivência policial em veículos
próprios e em deslocamento a pé.
Por g1 CE
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