Elas apresentaram na manhã desta quarta-feira (26) contação
de histórias utilizando a Língua brasileira de sinais (Libras), com tradução
para o português.
A ação fez parte do projeto 'A História que eu Vejo', criado
pela diretora artística Luciellen Castro e a consultora de acessibilidade
Thalita Araújo. O projeto usa o teatro, a música e as Libras para dialogar com
o público surdo e também ouvinte:
"Comecei a trabalhar em um centro cultural e lá conheci
a contação de histórias. Gostei tanto desse universo que meu trabalho
monográfico foi dentro da temática. Nesse processo, conheci a Thalita e ela foi
me ensinando Libras, fui entrando no universo. E foi quando a gente estruturou
o projeto: a ideia é que não somente a gente contasse a história, mas que desse
ferramentas para que as crianças pudessem contar suas próprias histórias",
explicou Luciellen ao g1.
👥 O projeto funciona
dessa maneira:
A equipe vai à escola e inicia a formação;
A ideia é que crianças surdas sejam as protagonistas, mas
todos são bem-vindos;
Além das Libras, a equipe trabalha o uso de objetos cênicos
e trilhas sonoras;
Essa formação dura cerca de duas semanas;
Com grupos divididos, as crianças decidem qual história
contar e apresentam.
Crianças apresentam contação de histórias em Libras em
escola de Fortaleza
"A escola é bilíngue, então tem filhos de surdos que
são ouvintes, por exemplo. Mas todas as histórias foram contadas em Libras. O
que é importante é a socialização entre as crianças. Também sou professora de
arte e quando a gente recebe alguma criança com deficiência, ela acaba ficando
isolada do grupo. Acho que nosso projeto vem potencializar essa ideia de uma
criança aprendendo com a outra", reforçou a diretora.
O projeto surgiu em Brasília e já passou pelo Rio de Janeiro
também. Em Fortaleza, além da escola municipal, a equipe pretende negociar
inserções no Centro Cultural Dragão do Mar, por exemplo, e em outras
instituições de educação.
Segundo Luciellen, em Brasília “as crianças tinham muita
sede de externalizar todas as ideias que passavam pelas suas cabeças a partir
de perguntas mediadoras lançadas durante as oficinas. Percebemos uma carência,
por parte das crianças, de serem ouvidas”.
Já no Rio de Janeiro, o retorno da equipe escolar tocou o
coração da equipe, que ouviu “que ali foi uma das poucas vezes em que a escola
foi notada por um projeto externo e que eles estavam muito felizes porque as
crianças puderam mostrar que elas existem e que são capazes”, compartilhou
Luciellen.
Em Fortaleza, os benefícios não são diferentes. Segundo a
diretora, trabalhar com teatro, especialmente a contação de histórias, é
fundamental para o desenvolvimento da linguagem nas crianças:
"É óbvio que as pessoas com deficiências existem. Elas
estão em todos os espaços. Mas, se eu não convivo, é como se elas não
existissem, como se eu não soubesse do que elas precisam, quais as demandas.
Acabo não naturalizando. Essas pessoas existem, são inteligentes, produzem
coisas. Acho que o ponto forte do nosso projeto é levar Libras, que é uma
língua nossa.”, concluiu.
Por g1 CE.
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