terça-feira, 22 de outubro de 2024

Mãe é inocentada após passar 2 anos e meio presa por suposta omissão no estupro da filha

 


Após cumprir quase um terço da pena de um crime que não cometeu, a auxiliar de costureira, Edilene Rodrigues, teve a inocência comprovada. Ela foi condenada a nove anos e quatro meses de prisão - tendo cumprido dois anos e meio – por supostamente ter sido omissa no estupro da filha.

O crime ocorreu em 2012, quando a vítima tinha 12 anos. A mãe foi considerada conivente por não ter registrado Boletim de Ocorrência contra o então namorado logo após o estupro. Marcos Ferreira da Silva foi condenado a 14 anos de prisão, que são cumpridos no Rio de Janeiro.

“Quando eu soube [do estupro], fiquei sem chão. Mas reagi. Fui no bar que ele tinha perto de onde eu morava e o pessoal precisou separar a gente, de tanto que eu tentei bater nele. Fiz de tudo, mas me puniram mesmo assim”, esclarece a auxiliar.

Após atuação da Defensoria Pública, em parceria com o Innocence Project Brasil, foram apresentadas novas provas e testemunhas. A própria filha pediu ajuda para provar a inocência da mãe.

 “Eu sabia que ela era inocente. Ela sempre me protegeu. Ela não sabia de nada que ele fazia comigo porque eu nunca contei. Quando ele mexia comigo, eu não sabia o que estava acontecendo. Mas sabia que não era certo. O problema é que eu tinha medo”, conta a filha, hoje adulta.

Presa de dezembro de 2021 a agosto de 2024, Edilene lamenta o tempo perdido. “Apesar de nunca ter sido ameaçada, ficar lá teve um custo alto pra mim. Perdi meu emprego, perdi a chance de acompanhar a infância do meu neto e perdi minha mãe, que foi o mais doloroso”, lembra.

Por unanimidade, as Câmaras Criminais do Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE) decidiram pela anulação da condenação. A absolvição aconteceu no dia 30 de setembro.

“Essa é uma vitória da Justiça. Até a direção do presídio sabia que ela não era culpada. Nem a própria filha culpou a mãe, em momento nenhum. Mas o depoimento dela [da filha] nunca foi considerado. A função da Defensoria Pública, então, é ser o filtro dos inocentes”, destaca o defensor Emerson Castelo Branco Mendes, titular do Núcleo de Assistência ao Preso Provisório (Nuapp).

 

Por Jornal Jangadeiro.

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