Ao longo de 27 anos, a Marinha do Brasil pagou mais de 5
milhões de reais em uma pensão militar para uma mulher que não existia. O
esquema foi elaborado por uma professora de 73 anos, residente em Icapuí, no
Ceará.
Ela utilizou documentos falsos para criar Valbaniza
Rodrigues Viana, uma a falsa filha de um ex-primeiro-tenente da Marinha, que
faleceu em 1981.
A farsa envolveu certidão de nascimento, RG, endereço e
outros documentos que conferiam à "mulher fantasma" uma identidade
aparentemente autêntica.
A pensão foi recebida entre janeiro de 1994 e junho de 2021
quando o caso foi descoberto por meio de uma denúncia anônima. Durante esse
período, a professora sacava os valores mensalmente e até realizava a prova de
vida exigida pela Marinha, como se fosse Valbaniza.
Em abril de 2021, após receber a denúncia anônima, a Marinha
suspendeu os pagamentos e iniciou uma investigação. Convocada a depor, a
acusada confessou o crime, mas alegou que não agiu sozinha.
Segundo a professora, o sogro dela, que é o
ex-primeiro-tenente que aparece como pai na falsa certidão de nascimento de
Valbaniza, teria planejado tudo antes de morrer.
O marido da professora também teria participado, entregando
os documentos falsos à Marinha para habilitar o pagamento da pensão. Além
disso, um militar teria colaborado no esquema.
Na defesa, a professora afirmou que acreditava que o
benefício era legal, pois não havia outro herdeiro direto para receber a
pensão. O Ministério Público Militar, contudo, concluiu que ela agiu de forma
consciente para enganar a administração pública.
Em novembro de 2023, o Superior Tribunal Militar condenou a
idosa a dois anos e oito meses de prisão por estelionato contra a administração
pública. Apesar da condenação, ela não foi presa e cumpre pena prestando
serviços comunitários.
A Advocacia Geral da União (AGU) ajuizou uma ação para
cobrar mais de R$ 6 milhões da professora, referente ao prejuízo causado aos
cofres públicos.
À TV Verdes Mares, o advogado da professora, José Augusto
Neto, afirmou que ela não cometeu o crime por má fé. "As pessoas que
asseguraram, que garantiram essa pensão a ela, fizeram que ela entendesse que
isso era de forma legal, é tanto que ela participou de todas as revisões [de
vida] e sempre recebeu essa pensão de boa fé", afirmou.
Por g1 CE.
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